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Arquitetos: Juan Carlos Bamba, Natura Futura Arquitectura
- Área: 18 m²
- Ano: 2023
Descrição enviada pela equipe de projeto. Estufa tropical palafítica e flutuante para comunidades inundáveis. O projeto para a horta flutuante foi proposta como um micro-equipamento flutuante e palafítico que reflete sobre novas possibilidades de produção alimentar, adaptáveis para comunidades inundáveis, valorizando técnicas locais e inovadoras como via de resposta aos efeitos das mudanças climáticas, bem como ao desenvolvimento de cidades e comunidades sustentáveis-resilientes.
Territórios inundáveis. O projeto está localizado na zona periférica do município de Cantão de Samborondón, na costa do Equador, com uma população rural de cerca de 19 mil habitantes. Apesar de sua alta participação na economia agrícola da província de Guayas, a carência de suprimento das necessidades básicas são uma constante na região.
Tradicionalmente, 70% do território foi utilizado para o cultivo de arroz devido à sua geografia inundável, o que condiciona seus habitantes a ficar isolados nas ilhas criadas durante pelo menos três meses no inverno. A condição inundável do território, onde a horta seria implementada, implica que a produção de alimentos para as famílias seja impossível entre janeiro e maio.
Modelo de gestão colaborativa. O Programa Mundial de Alimentos (PMA), em um chamado público, convocou equipes a nível nacional para desenvolver projetos-piloto sobre a implementação de soluções baseadas na natureza (SbN) em setores expostos a riscos climáticos em Manta, Samborondón, Daule e Quito. O estúdio YES Innovation desenvolveu estratégias de intervenção e implementou SbN nestes quatro locais.
Em Samborondón, em conjunto com a direção de riscos da prefeitura, trabalharam na proposta, desenho e construção de um conjunto de dispositivos SbN com o objetivo de criar uma ilha autônoma, resiliente e auto-sustentável para as três famílias que a habitam. As soluções propostas buscam métodos e protótipos replicáveis, com o objetivo de melhorar a resiliência de cada localidade.
Neste processo, estabeleceu-se a colaboração com os escritórios Natura Futura e Juan Carlos Bamba para projetar e executar uma estufa flutuante que permitisse o plantio e colheita de alimentos enquanto o território das comunidades permanece inundado; onde o acesso e uso terrestre se transforma em um fluvial durante os meses de inverno. O projeto foi executado em dois meses.
Protótipo de equipamento: entre o palafítico e o inundável. A estrutura é composta por pórticos construídos com madeira local conectados entre si por peças metálicas tubulares. O tipo de pórtico modular utilizado no projeto procura sua futura replicabilidade, rápida construção e adaptabilidade às condições naturais do local. Os pórticos são conectados a uma plataforma de 6x3m (18m2) que flutua por meio de tanques PET.
Essa base é ancorada a um sistema móvel de quatro pilares, que mantém a plataforma no mesmo nível do solo durante o verão e permite sua flutuabilidade durante o inverno. No equipamento foram propostos vasos suspensos e em prateleiras para otimizar o volume de produção de hortaliças e vegetais, considerando questões de ventilação, umidade e temperatura adequadas para o crescimento correto dos cultivos por meio do uso de uma membrana leve para estufas. Para sua iluminação durante a noite, foram propostos painéis solares na cobertura.
A horta busca ampliar o leque de soluções flutuantes para melhorar a habitabilidade de comunidades inundáveis. Isso é possível por meio da participação ativa de organismos internacionais, comunidades, empresas e profissionais que defendem a valorização das técnicas artesanais locais e o potencial de gerar comunidades resilientes e sustentáveis diante das iminentes mudanças climáticas.